Nas últimas décadas, tem-se verificado uma maior preocupação com a humanização dos cuidados de saúde e a prova disso é a facilitação do acesso da família aos cuidados.
Uma vez que o conceito de família é associado um sentimento de segurança e conforto, temos ligações fortes com os nossos familiares. Quando adoecemos contamos com eles para estar ao nosso lado. Estes vínculos são fundamentais no processo terapêutico de um utente.
Neste artigo falamos, da importância da família em entender e aceitar a condição de saúde. Desta forma, assumindo um papel primordial de auxílio na prestação dos cuidados essenciais e no incentivo da continuidade das terapias e potenciando toda a recuperação.
Numa perspectiva sistémica, a família é encarada como um conjunto de pessoas que estabelecem entre si uma teia relacional. Cada família possui um dinamismo próprio conferindo-lhe autonomia e individualidade, integrando as influências externas em combinação com forças internas, tendo uma capacidade auto-organizativa. Sendo assim, a família não é considerada como uma estrutura fechada mas sim como uma estrutura dinâmica, com padrões de interação sujeitos a mudanças.
Quando existe alguma mudança, que comporta imprevisibilidade, o sistema sente-se ameaçado. Toda a mudança causa stress ,seja ela positiva ou negativa, o que leva a momentos de crise. As crises são, assim, consideradas importantes uma vez que são momentos que permitem transformações e evoluções na estruturação e consolidação familiar.
Como reagir a um diagnóstico:
Quando um familiar adoece, verificam-se nas famílias ou nos seus membros, um processo com diversas fases. Essas fases ocorrem habitualmente pela seguinte ordem:
Choque – aparece a confusão e a desorganização.
Negação – esta é uma estratégia de coping temporária; algumas pessoas procuram outro diagnóstico que seja mais favorável.
Zanga – aparecem os sentimentos de culpa, de responsabilização pela situação.
Tristeza – além da tristeza, pode aparecer a depressão. A tristeza mais ou menos profunda pode permanecer durante bastante tempo, coexistindo com outros sentimentos.
Distanciamento – aceita-se a realidade mas fica um sentimento de “vazio”, algo de importante se perdeu e a vida perdeu o sentido.
Reorganização – aqui aparece a esperança.
Adaptação – aceitação, procura-se fazer algo para ir ao encontro das necessidades especiais desse elemento da família.
A forma como a família vivencia a doença vai depender também do papel e da função do elemento afectado, pois “não é a mesma coisa adoecer a mãe, o pai ou o filho” .
Quanto à preparação para o diagnóstico, não há “fórmulas” para o fazer, a situação tem de ser enfrentada pela família com a bagagem que tem. Depois do diagnóstico, a vida familiar fica alterada, tanto faz ser algo imprevisto, como o resultado de algo esperado e provavelmente temido. Muitas famílias, quando referem as suas vivências a partir do momento em que conheceram o diagnóstico, verbalizam: “senti que o mundo me caía em cima”.
Como envolvemos a família nos cuidados de saúde:
A participação da família é fundamental e contribui de forma significativa no tratamento do utente, uma vez que o utente se sente acompanhado e confiante na sua recuperação, com o afeto, apoio e participação da família.
Na DCRFuncional, envolvemos a família em todos os momentos da terapia. Reconhecemos as suas responsabilidades e desgaste. Como o fazemos:
Aconselhamento e ensino de posicionamentos, de estratégias, de material de apoio e minimização das barreiras arquitetónicas;
Informação dos estatutos, incentivos de apoio existentes;
Incentivo do máximo envolvimento e fortalecimento da relação/laço;
Foco nos familiares do utente, promovendo o seu máximo bem-estar, por apoio/intervenção específico ou proporcionando algum descanso e lazer ao cuidador.