A paralisia cerebral constitui a deficiência motora mais frequente na infância. Em Portugal, o número de crianças afetadas pela paralisia cerebral ronda cerca de dois em cada mil.
O que é a Paralisia Cerebral?
A paralisia cerebral representa-se por uma série de síndromes clínicas caracterizadas por ações motoras e mecanismos posturais anormais. O indivíduo com paralisia cerebral pode ter os seus movimentos afetados bem como a postura que pode ser causada por uma lesão que ocorre antes, durante ou depois do nascimento. O dano cerebral numa paralisia não é reversível, produzindo incapacidade física para o resto da vida.
Os sintomas variam consoante a área de extensão da lesão, sendo os mais comuns:
Dificuldades em andar;
Tremuras ou movimentos involuntários;
Atetose: lentidão de movimentos durante os quais a pessoa se contorce;
Ataxia: falta de coordenação muscular;
Rigidez: a pessoa apresenta rigidez muscular, mas com reflexos normais;
Espasticidade: à rigidez muscular associam-se reflexos exagerados;
Dificuldades de deglutição;
Atraso na fala ou dificuldades em falar;
Dificuldade em executar movimentos precisos, como como pegar num lápis ou usar um talher;
Estatura abaixo do que seria o esperado.
O que causa Paralisia Cerebral?
Os fatores que provocam uma lesão cerebral precoce e não evolutiva são diversos e podem localizar-se no tempo, consoante o tipo de lesão durante a gestação (pré-natais), durante o parto (péri-natais) ou após o nascimento (pósnatais). Sabe-se que a origem genética não se verifica nesta problemática, pelo que não existe a transmissão de pais para filhos.
Ao ter-se informações da origem das causas da Paralisia Cerebral isso permite que os médicos e os próprios indivíduos adotem uma série de medidas preventivas. O tratamento deve iniciar-se o mais cedo possível e é essencial adotar-se medidas que minimizem os efeitos, impeçam a sua progressão e facilitem a reabilitação e inserção social.
Quais são os tipos de Paralisia Cerebral que existem?
A classificação clínica atribuída aos tipos de paralisia cerebral varia por vezes, mas classicamente descrevem-se três tipos de síndromas:
Espástico;
Atetósico;
Atáxico.
Tipo espástico:
O tipo espástico resulta de uma lesão no sistema nervoso piramidal que se caracteriza por hipertonia (aumento do tónus) permanente dos músculos e rigidez nos movimentos. É de referir, que estes indivíduos têm perda dos movimentos voluntários, uma exagerada contração dos músculos quando estão em extensão, ocorrência de espasmos musculares quando querem realizar uma ação involuntária e observa-se ocorrência de um esforço excessivo para realizar um movimento. Assim sendo, eles executam movimentos rígidos, lentos e bruscos.
Tipo atetósico:
Quanto ao tipo atetósico, a lesão ocorre no sistema extra-piramidal que se caracteriza por movimentos lentos, incontroláveis e imprevisíveis. Estas manifestações podem desaparecer na altura do repouso, sonolência, febre e em determinadas posturas mas podem aumentar nos momentos de excitação, insegurança, posição dorsal ou de pé. A flutuação do tónus muscular oscila entre o excesso de tónus (hipertonia) e baixa/ausência de tónus (hipotonia). Este tipo de lesão pode afectar o controlo da cabeça e do tronco e a linguagem pode, ainda, ser afetada parcialmente ou totalmente.
Tipo atáxico:
O tipo ataxia, caracteriza-se por perturbações no equilíbrio, descoordenação motora tanto ao nível da motricidade fina como global e tremor nos movimentos intencionais, devido a uma lesão no cerebelo.
Possíveis problemas associados nas crianças com paralisia cerebral:
O cérebro possui uma multiplicidade de funções que se relacionam entre si. Assim, uma lesão cerebral pode afetar uma ou várias funções, pelo que é frequente que as perturbações motoras possam estar acompanhadas por alterações de outras funções, tais como:
Perturbações da Linguagem
Problemas Auditivos
Problemas Visuais
Problemas de Desenvolvimento Intelectual
Problemas de Personalidade
Problemas de Atenção
Problemas de Percepção
Que intervenção deve ocorrer num caso de paralisia cerebral?
A paralisia cerebral não tem cura, mas com o tratamento adequado é possível melhorar substancialmente a qualidade de vida destas pessoas. Devido aos possíveis problemas associados acima mencionadas, a intervenção na Paralisia Cerebral deve consistir numa equipa multidisciplinar. Esta equipa deverá ser composta por neurologista, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, entre outros. Pode ainda completar-se a intervenção com recurso a outras terapias como a musicoterapia.