O termo “demência” refere-se a uma série de sintomas que são habitualmente observados em pessoas com doença cerebral resultante de dano ou perda de células cerebrais. A perda de células cerebrais é um processo natural, mas nas doenças que conduzem à demência acontece de uma forma muito mais rápida, e faz com que o cérebro da pessoa deixe de funcionar da maneira habitual.
Caracteriza-se por alterações cognitivas que podem estar associadas a:
Perda de memória: isto é, dificuldade em aprender novas informações; esquecer-se dos nomes de pessoas conhecidas, de recados importantes ou repetir várias vezes os mesmos assuntos;
Alterações da linguagem: verifica-se dificuldade em encontrar palavras adequadas para se expressar ou atribuir nomes errados aos objetos;
Desorientação no tempo ou no espaço: como por exemplo, não saber o dia da semana, o mês ou o ano, ou perder-se em lugares familiares;
Alterações das funções que interferem na gestão do dia a dia.
A pessoa com demência pode também manifestar outro tipo de sintomas não cognitivos, tais como alterações do comportamento e da personalidade, perturbações emocionais e dificuldades no relacionamento social.
Um novo estudo divulgado na publicação científica The Lancet Public Health estima que 153 milhões de pessoas no mundo terão demência em 2050, quase o triplo do estimado para 2019 (57 milhões), devido ao crescimento e envelhecimento da população. Consideram-se quatro fatores de risco: tabagismo, obesidade, hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) e escolaridade baixa.
Há vários tipos de demência – Doença de Alzheimer, Demência Vascular, Demência Frontotemporal, Demência com Corpos de Lewy, entre outras. Segundo a Alzheimer Association os dez sinais de alerta para a demência são:
Perda de memória;
Dificuldade em planear ou em resolver problemas;
Dificuldade em executar tarefas domésticas que lhe são familiares;
Alterações da linguagem;
Perda da noção do tempo e desorientação espacial;
Dificuldade em perceber imagens visuais e as relações espaciais;
Trocar o lugar das coisas;
Discernimento fraco ou diminuído;
Afastamento do trabalho e da vida social;
Alterações do humor e da personalidade.
Não existe ainda uma cura para a maioria das demências. Contudo, sabe-se que quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais rapidamente se pode recorrer a vários tipos de abordagens. A toma de medicação - farmacologia - bem como as intervenções psicológicas e psicossociais podem auxiliar no tratamento da doença e permitir não só atrasar a evolução dos sintomas, como melhorar algumas condições cognitivas e funcionais.
Como gerir as alterações no doente com demência?
Muitas vezes a demência é confundida com o envelhecimento normal ou com outras patologias e os familiares confrontados com a nova situação começam a manifestar dificuldades por não a saberem gerir.
Medidas que reduzam o risco de maior disfunção cognitiva como incentivar a pessoa a manter hábitos de vida saudáveis (como praticar atividade física e seguir uma alimentação saudável e atividades sociais), a reabilitação cognitiva e realizar práticas como a meditação/mindfulness, entre outras, devem ser implementadas. A comunicação agressiva, o confronto, a desvalorização, o chamar à atenção para os erros que o doente cometeu, o apelar e exigir que elabore atividades que a pessoa já não consegue executar são atitudes que devem ser evitadas a todo o custo.
Algumas dicas:
Ter uma atitude positiva:
Uma atitude positiva, tolerante e que estimula o outro é muito importante. Ter uma postura não crítica, calma, ajuda a que a pessoa com demência continue a querer comunicar, sem se retrair.
Criar rotinas:
Para quem tem demência, fazer determinadas tarefas sempre da mesma maneira pode ajudar a prevenir a ansiedade e até evitar que se sinta desorientada e inquieta.
Estimular a independência:
Incentive a pessoa a vestir-se sozinha, a arranjar os legumes ou a levantar a mesa; tente não substituí-la nestas ações, é um valioso contributo para a sua auto-estima e sentido de utilidade, que deve ser encorajado com sensibilidade.
Encorajar a atividade física:
A mobilidade tem um papel fundamental na saúde da pessoa com demência, quer seja um simples passeio ou até atividades de rotina doméstica. Além da diminuição do aborrecimento da pessoa, o exercício e as atividades podem contribuir para que continue independente, fortaleça as suas capacidades física e mental, despenda energia em excesso e encoraje o sono noturno.
Encorajar atividades de lazer:
quer sejam momentos de distração, quer de rotina doméstica, há atividades que ajudam a estruturar o dia a dia e podem ser, em si, oportunidades para conviver com outras pessoas.
passear ao ar livre, para estimular a mobilidade e apanhar ar fresco,
ler livros ou jornais, seja pela pessoa com demência, seja pelo cuidador,
apreciar companhia, de animais de estimação ou crianças,
pintar ou folhear álbuns de fotografia,
jardinar ou colecionar flores secas, selos ou outros pequenos objetos.