A alimentação assume uma importância vital para o ser humano. Além da dimensão que representa na manutenção da vida, tem também uma dimensão social e cultural que faz com que signifique uma importante fonte de convívio, lazer e prazer. Deste modo, e porque a alimentação não é um ato solitário, quando confrontados com uma perturbação de deglutição além das complicações de natureza biológica, surge o isolamento social, com importantes repercussões no bem-estar e na qualidade de vida da pessoa.
A dinâmica da deglutição envolve um conjunto de processos rápidos e integrados da cavidade oral, faringe, laringe e esófago. Estes processos e interações neuromusculares complexas não podem ser observados de forma direta, pelo que a avaliação e intervenção nas perturbações da deglutição têm constituído um desafio para os diferentes profissionais que atuam nesta área.
O que é a deglutição?
A dificuldade na deglutição tem muitas possíveis causas, incluindo o atraso do reflexo deglutivo, a incapacidade de manipular os alimentos com a língua, ou a insensibilidade para detectar restos alimentares que ficam alojados na cavidade bucal.
O que é a disfagia?
Por questões neurológicas ou mecânicas pode ocorrer dificuldades em uma ou mais fases da deglutição. Às alterações no processo de deglutição atribui-se o nome de disfagia. A disfagia é bastante comum em pessoas com condições neurológicas, como acidente vascular cerebral (AVC), doença de Alzheimer, doença de Parkinson, traumatismo cranioencefálico e doenças neuromusculares, no entanto pode ocorrer em qualquer faixa etária.
A disfagia põe em causa a nutrição, a hidratação, a segurança e o conforto durante a alimentação pela boca.
Sinais de alerta:
Voz rouca ou alterada após a alimentação;
Sensação de alimento preso na garganta;
Perda de saliva ou comida pelos cantos da boca;
Demora mais tempo a engolir e é necessário um esforço maior para mastigar;
Engasgamento frequente ou falta de ar durante a alimentação;
Dor ao engolir;
Dificuldade em respirar após as refeições;
Tosse frequente durante e após as refeições;
Perda súbita de peso;
Picos de febre após as refeições;
Infeções respiratórias frequente.
O papel do terapeuta da fala:
O Terapeuta da Fala é o profissional responsável pela avaliação e diagnóstico, bem como pela intervenção na deglutição. Intervém a nível do fortalecimento da musculatura orofacial, laríngea e faríngea. É responsável pela implementação de estratégias para prevenir os engasgos. E é, ainda, capaz de sugerir modificações no modo de confeção dos alimentos e bebidas bem como a modificação de determinados aspetos que possam estar a influenciar negativamente o processo de alimentação (ex: postura corporal incorreta).
O apoio à família e/ou cuidadores, como intervenção indirecta, é primordial no caso de disfagias, no ensino e em eventuais alterações na consistência dos alimentos, e no treino de diferentes técnicas e manobras facilitadoras da deglutição, de forma a potenciar a qualidade de vida da pessoa.