top of page
Head_blog.jpeg

Blog

DCRFuncional

O que é a dislexia?

As competências de leitura e escrita são fundamentais para o normal funcionamento do sistema educativo, pois constituem aquisições iniciais que servem como uma base para as restantes aprendizagens. Quando uma criança apresenta dificuldades acentuadas na leitura e escrita, consequentemente apresentará lacunas em todas as restantes áreas curriculares. Esta dificuldade provocará um desinteresse cada vez maior em toda a aprendizagem e uma diminuição da sua autoestima. Estima-se que uma em cada dez pessoas no mundo tenha dislexia, uma perturbação da aprendizagem que, com a ajuda de terapia especializada, é ultrapassável. Conheça o que é a dislexia, quais os sinais a que deve estar atento e estratégias para lidar com a perturbação.




O que é?

A dislexia é uma condição com origem genética que interfere na maneira como o cérebro processa a linguagem escrita e, muitas vezes, a oralidade. O problema está geralmente associado à leitura e às dificuldades que o cérebro tem de diferenciar fonemas de sílabas, uma vez que a região cerebral responsável pela análise e identificação de palavras permanece inativa. Em consequência, a criança disléxica não reconhece palavras que já tenha lido ou estudado. Para ultrapassar esta dificuldade, um aluno disléxico pode apenas precisar de mais tempo para processar a informação e recorrer a estratégias acertadas para lidar com a diferença no processamento cerebral. Ao contrário do que se possa pensar, a dislexia não é sinal de falta de inteligência ou preguiça porque é independente do quociente de inteligência.

A dislexia resulta de alterações neurobiológicas e afeta a forma como o cérebro codifica, representa e processa a informação linguística. Manifesta-se por dificuldades no processamento fonológico e noutras funções neurolinguísticas e neuropsicológicas que conduzem a um conjunto significativo de alterações na leitura e escrita.


Dificuldades na leitura:

Notam-se confusões de grafemas cuja correspondência fonética é próxima ou semelhante ou cuja forma é aproximada. Surgem, também, frequentes inversões, omissões, adições e substituições de letras e sílabas. Na leitura de texto existe uma acentuada dificuldade na precisão e fluência da leitura (significativamente abaixo do esperado para a idade ou nível de escolaridade), assim como défices na compreensão da leitura.


Dificuldades na escrita:

Surgem erros ortográficos, dificuldades na descodificação fonema-grafema, défices acentuados na construção frásica e na organização das ideias no texto, e por vezes, pode associar-se uma caligrafia irregular.

Sinais e avaliação neuropsicológia

Dada a natureza neurodesenvolvimental desta perturbação da aprendizagem, as crianças com dislexia evidenciam um conjunto significativo de sinais de alerta e sintomas durante a infância e o início da idade escolar.

Sinais de Alerta durante a Infância:

  • Atraso no desenvolvimento da linguagem: a criança começa a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o habitual e a construir frases mais tardiamente;

  • Apresenta alguns problemas na linguagem durante o seu desenvolvimento, nomeadamente dificuldades em pronunciar determinados sons/fonemas, linguagem “abebezada" para alem do tempo normal;

  • Na linguagem oral revela dificuldades em construir frases lógicas e com sentido, as suas frases são curtas e com palavras mal pronunciadas (com omissões ou substituições de fonemas);

  • Durante a pré-escola revela dificuldades em memorizar e acompanhar as canções infantis, as lenga-lengas e demonstra dificuldades nas atividades de rimas e de segmentação silábica das palavras;

  • Apresenta dificuldade em memorizar e recordar algumas letras, nomeadamente algumas do seu nome;

  • Presença de pessoas da família nuclear ou alargada com dislexia ou com dificuldades de aprendizagem (hereditariedade da dislexia).

Sinais de alerta na idade escolar:

  • Lentidão na aprendizagem da leitura e escrita, desfasamento face à turma na aquisição das letras, sílabas e ditongos, bem como no reconhecimento de palavras;

  • Dificuldade em compreender que as palavras se podem segmentar em sílabas e fonemas (segmentação silábica e fonémica);

  • A velocidade da leitura é significativamente abaixo do esperado para a idade, muitas vezes silábica e por soletração;

  • Bastantes dificuldades na leitura, com a presença constante de erros (substituição, omissão, inserção e inversão de letras), fragilidades nos processos de descodificação e de reconhecimento de palavras;

  • Dificuldades na compreensão de textos devido à sua reduzida precisão e fluência leitora. Normal compreensão quando as histórias lhe são lidas;

  • A leitura e a escrita surgem com muitos erros, nomeadamente erros fonológicos e/ou erros lexicais;

  • Na escrita surgem fragilidades a organização/estruturação das ideias no texto, na construção frásica e no planeamento e revisão do texto;

  • Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa (uma hora de trabalho rende 10 minutos);

  • Utiliza estratégias e truques para não ler. Não revela qualquer prazer pela leitura;

  • Distrai-se com bastante facilidade, apresenta curtos períodos de atenção quando está a ler ou a escrever, cansando-se muito rapidamente Esta desatenção poderá ser resultante de questões emocionais/motivacionais relacionadas com a leitura/escrita, mas também podem ser indicadores clínicos de Perturbação de Hiperatividade/ Défice de Atenção (PHDA);

  • Os resultados escolares não são condizentes com a sua capacidade intelectual, apresentando melhores resultados nas avaliações orais do que nas escritas;

  • Dificuldades em memorizar e processar informações verbais;

  • Muitas dificuldades na aprendizagem de uma língua estrangeira;

  • Não gosta de ir à escola ou de realizar atividades relacionadas;

  • Apresenta "picos de aprendizagem", nuns momentos parece assimilar e compreender os conteúdos curriculares e noutros momentos parece ter esquecido o que tinha aprendido anteriormente.

Impacto na motivação

As repercussões negativas da dislexia são por vezes consideráveis, quer ao nível do sucesso escolar, quer ao nível do comportamento e do estado emocional da criança, originando nestes domínios perturbações de gravidade variável, que importa reconhecer e evitar na medida do possível.

A criança com dislexia pode apresentar baixa autoestima e ser insegura pelo repetido insucesso escolar e pelo fracasso em superar as suas dificuldades, outras vezes pode demonstrar alguns comportamentos disruptivos, resistência as atividades escolares e desmotivação. A frustração causada pelos anos de esforço sem êxito e a permanente comparação com as demais crianças podem provocar sentimentos de inferioridade.

Em geral, as alterações emocionais na dislexia surgem como uma reação secundária aos problemas de rendimento escolar. As crianças com dislexia tendem a exibir um quadro mais ou menos típico, com variações de criança para criança. Algumas das reações mais características podem ser:

  • Reduzida motivação e empenho pelas atividades que implicam a mobilização das competências de leitura e escrita, o que por sua vez aumenta as suas dificuldades na aprendizagem;

  • Sintomatologia ansiosa perante situações de avaliação ou perante atividades que impliquem leitura e escrita;

  • Sentimento de tristeza e de autoculpabilização, podendo apresentar uma atitude depressiva diante das suas dificuldades;

  • Um sentimento de insegurança e de vergonha como resultado do seu sucessivo fracasso;

  • Um sentimento de incapacidade, de inferioridade e de frustração por não conseguir superar as suas dificuldades e por ser sucessivamente comparado com os demais;

  • Comportamentos de oposição e desobediência perante as figuras de autoridade (pais, professores, etc.), hiperatividade, défice de atenção;

  • Outras problemáticas poderão igualmente ocorrer com o surgimento das dificuldades na aprendizagem no contexto escolar: perturbação do sono, sintomas psicossomáticos, etc.

Estratégias

Para que a escola não se torne motivo de stress e frustração para a criança, o mais importante é encontrar e adotar estratégias eficazes que lhe permitam ultrapassar as dificuldades na leitura e compreensão, evitando que uma palavra ou uma frase escrita se tornem dificuldades intransponíveis.

Alguns testes utilizados pelos professores, no início do primeiro ciclo, ajudam a avaliar a capacidade de compreensão do aluno. Os exercícios de leitura de pequenos excertos de texto e perguntas de compreensão são metodologias pedagógicas essenciais para a construção de uma base sólida para o sucesso na escola. Perante os problemas de compreensão de leitura da criança com dislexia, será necessário recorrer a materiais didáticos adequados, como os audiolivros e desenvolver previamente algumas capacidades de fonética, como ligar as letras aos sons. Depois de poder estabelecer essas conexões, o aluno vai ser capaz de identificar o significado da palavra individualmente sem que pareça nova ou desconhecida e, em seguida, descodificar o sentido de frases completas.

Commentaires


bottom of page