Para cuidar do nosso bem-estar é preciso cuidar da saúde mental. As doenças psicológicas afetam cada vez mais todos os grupos etários, é necessário entender os seus motivos e encontrar soluções para as suas consequências.
Vários estudos reportam que a relação entre os problemas de saúde mental e as doenças psicológicas, nomeadamente a ansiedade e a depressão, nos jovens e adultos e as situações socioeconómicas são proporcionais. Situações tais como o desemprego, cuidar de alguém e conciliar a vida profissional e pessoas com vulnerabilidades psicológicas prévias podem ser mais suscetíveis de desenvolver problemas mentais e como todos sabemos, a pandemia veio agravar ainda mais este panorama. Neste sentido, é impossível falar de saúde pública sem mencionar a saúde psicológica, e a verdade é que não é possível separar a mente do corpo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde mental não é a simples ausência de perturbações mentais, mas sim um estado de bem-estar subjetivo em que cada indivíduo auto realiza o seu potencial intelectual e emocional. Consegue lidar com os desafios normais da vida quotidiana, pensar e sentir livremente, relacionar-se com os outros, tomar decisões de forma autónoma, trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de contribuir para a sociedade.
Alguns aspetos que influenciam o bem-estar:
Alimentação
Exercício
Meditação
Parentalidade
Relaxamento
Saúde Sexual
Sono
Trabalho
Então, mas se é entendida como essencial e imprescindível, porque continua a ser deixada para segundo plano?
A verdade é que ainda existe uma falta de conhecimento, generalizado, sobre os temas da saúde mental e das doenças psicológicas. É esta ignorância que acaba por fomentar e promover o crescimento de vários preconceitos e ideias erradas, o que, sendo previsível, traz consequências muito graves.
Para a Ordem dos Psicólogos Portugueses o investimento na prevenção e no diagnóstico precoce é francamente fraco, assim como a fragmentação dos cuidados de saúde prestados, com elevada predominância de intervenções episódicas, descontinuadas, reativas e centradas meramente no tratamento da doença. Por outro lado, segundo também a Ordem de Psicólogos, existem atualmente 250 psicólogos nos centros de saúde, o que representa um rácio de 2,5 psicólogos para cada 100.000 utentes, sendo que o rácio recomendado seria de 1 por cada 5.000 utentes.
Entender as doenças psicológicas como uma questão de saúde pública será fundamental para as boas práticas preventivas e promoção do bem-estar dos indivíduos. Nesse sentido, é urgente assumir a responsabilidade de assegurar a elaboração e implementação de políticas de saúde mental.
Algumas respostas úteis sobre as doenças psicológicas
Quais os sinais a que deve estar atento?
Perda de interesse ou abandono do convívio com as pessoas habituais;
Mudança na maneira habitual de funcionar (na escola, trabalho ou em casa);
Problemas de concentração, memória, ou do pensamento lógico e da maneira de falar difíceis de explicar;
Maior sensibilidade ao som, luz, cheiros e aversão a locais barulhentos;
Falta de vontade ou desejo de participar nas atividades habituais (apatia);
Uma vaga sensação de estar desligado de si próprio e dos que o rodeiam; uma sensação de irrealidade;
Crenças pouco habituais ou exageradas acerca de poderes pessoais em compreender significados ou de mudar acontecimentos;
Medo, desconfiança dos outros ou uma estranha sensação de se sentir nervoso;
Alterações graves no sono ou no apetite;
Mudanças nos hábitos de higiene;
Mudanças grandes e rápidas nos sentimentos ou nos níveis de energia.
Como pedir ajuda?
Os Centros de Saúde dispõem de equipas multidisciplinares preparadas para tratar problemas/perturbações de saúde mental ou, se necessário, encaminhar para consulta de psiquiatria ou para o serviço de urgência. Várias situações clínicas justificam o acompanhamento em consulta de psiquiatria. O serviço de urgência é reservado a situações graves e que requerem uma resolução imediata. Existem ainda grupos e organizações de apoio e autoajuda na prevenção de doenças psicológicas. Pode contactar linhas telefónicas de apoio como a linha SNS 24 (808 24 24 24 – todos os dias 24 horas/dia) e a linha SOS Voz Amiga (21 354 45 45 / 91 280 26 69 – diariamente das 16 às 24h). Pode também ser útil encontrar apoio em familiares ou amigos que lhe sejam próximos e em quem confia.